Movie Talks no Talk of the Town – Estrutura

No cinema, uma história pode ser contada de inúmeras formas: linear, saltando entre lugares e pessoas, mexendo com o tempo… É isso o que veremos na segunda palestra, em inglês, do Movie Talks, no Talk of the Town: Estrutura.

Para quem não pôde assistir à palestra anterior, sobre Personagem, não tem problema. Além de entender Estrutura, vamos rever os principais aspectos de Personagem e conversar sobre três filmes com estruturas bastante diferentes: O Artista, Babel e Quem Quer Ser um Milionário.

A palestra sobre Estrutura será na terça-feira, dia 06/11, às 19hs. Entre em contato com o Talk of The Town e join us!

A próxima aula, sobre alguns dos demais elementos de um filme – ritmo, cena, diálogo, música – sempre da perspectiva do roteirista, será no dia 13/11. A quarta e última aula, na segunda-feira, dia 18/11, ainda está em aberto: os participantes decidirão o que preferem fazer. Poderemos aprofundar algum elemento teórico ou colocar as mãos na massa e analisar nossos filmes prediletos.

Movie Talks no Talk of the Town

Movie Talks imageTodo mundo gosta de discutir cinema. Mas até que ponto estamos preparados? Assistir a um fi­lme pode ser uma experiência intensa, chata, excitante, prazerosa, frustrante, reveladora, dependendo de quem vê, e de como se vê.

Semana que vem, 29/10, começo a dar uma série de palestras – em inglês – no Talk of the Town sobre essa experiência. Eu e Cláudia Cruz, que trabalha com teatro e tradução, daremos juntas a primeira palestra, sobre Personagem, concebida por nós.

As palestras vão oferecer aos participantes a oportunidade de entender melhor o que assistem. Partindo dos elementos que compõem a obra cinematográ­fica – personagens, estrutura, ritmo, cenas, diálogos – eles serão treinados a reconhecer as ferramentas usadas pelos roteiristas para potencializar a experiência do espectador. Vai ser divertido.

O Talk of the Town, em Ipanema, é um espaço para estudo de línguas com uma abordagem diferente. Eles promovem cursos e debates em inglês e promovem a prática da língua através de temas atuais e assuntos do seu interesse. Dê uma olhada no site: www.talkofthetown.com.br

Agradeço muito a quem puder dar uma força, repassando a mensagem para pessoas que possam se interessar.

The London Screenwriters’ Festival 2011 – I’ll be there, will you?


Em português

The London Screenwriters’ Festival 2011 will bring an amazing team of top guests to share their experiences with us, professionals and aspiring scriptwriters – and everyone else involved in the film and TV industries.

Take a look at what will happen in three days – from 28 to 30 October – and book your ticket (use this code MONICASOLON to get a £30 discount):

Consultant Christopher Vogler (Hero’s Journey),  writer Linda Aronson ( 21st Century Screenplay),  scriptwriter Ashley Pharaoh (‘Life On Mars‘, ‘Ashes To Ashes‘) , producer Duncan Kenworthy (‘Four Weddings..’, ‘Love Actually‘), script editor Kate Leys (‘The Full Monty’, ‘Trainspotting’ and ‘Four Weddings and a Funeral’), ITV commissioner Elaine Bedell (X-Factor), film editor Eddie Hamilton (‘Kick Ass’, ‘X-Men: First Class’), BBC Writersroom Paul Ashton, BAFTA-nominated scriptwriter Tim Clague, BBC commissioner Ben Stephenson and many more.

Check the full list of speakers here.

Events will range from conversations with panelists to sessions about:

. The Hero’s Journey, with Chris Vogler
. Produced or rejected? Is your script the best that it could be?, with script editor Kate Leys.
. Are you writing a 21st Century screenplay?, with Linda Aronson.
. Anatomy of a Sitcom
. Don’t Wait To Be Discovered! – How successful writers think more like producers and package their projects to attract the decision makers.
. Another 50 Ways To Break Into The Business
. The most important read of your script – Tips from a script reader.
. Are you planning to succeed? – A five step clearly defined career strategy for writers.
. Creating Powerful Relationships – A Networking workshop.
. Your script in the cutting room – How looking at your film through the eyes of an experienced Editor will dramatically improve your script.
. Block Busting – You’ve already created an amazing world. This powerful workshop will take you further down YOUR rabbit hole to reveal wonders you have yet to discover about your work.
. Legal Workshop – Get your legal questions answered in this clinic run by top industry legal beagles.
. Failure to Launch: Why most scripts crash and burn in the first ten pages – What are the signs in the opening pages of your screenplay that will turn off producers, directors and actors?
. Your Script and the 20 common pitfalls -Learn from the mistakes of those who have passed before you.
. In Conversation with Duncan Kenworthy – The Producer of ‘Four Weddings…’, ‘Notting Hill’, ‘Love Actually’.
. In Conversation with Ashley Pharoah – TV Writer and creator of ‘Life On Mars’ and ‘Ashes To Ashes’ .
. Script to Screen Case Study: Nowhere Boy – Conversation with Matt Greenhalgh, script writer of ‘Control’ and ‘Nowhere Boy’.
. Copywriting – Strengthen your craft, work to deadlines and earn cash. A guide to Copywriting.
. How to publish an e-book – A comprehensive guide to self publishing online.
. Writing Comics – Why not write a comic and get published in print, smart phone and ipad?
. Writing Games 2.0 : The Sequel – Explore how this exciting medium can offer opportunities for writers.

There’s more, so find the full list of events here.

Apart from that, there will be also opportunities for:

. Speed Pitching – Meet and chat with agents and producers, the people who have the power to make your projects happen. Sign up and we guarantee you three invaluable ‘speed pitch’ meetings.
. Script Chat – After each main stage event our speakers will be taking time out to engage with delegates.
. One-on-one Feedback with Euroscript – Getting great feedback is essential to any writer, and at the festival, Euroscript will read your script and give you world class feedback in one-on-one sessions.
. Live Ammo – Two minutes to pitch your movie to a panel of top British film executives.

There’s a free video on the LSF2011 page: Writing and Producing “The Kings’ Speech” exclusive video:How did emerging producer Gareth Unwin and American screenwriter David Seidler manage to pull off The King’s Speech, the most successful British film in recent years?

And you can enter a competition: LONDON RIOTS COMPETITION:  Write a one page script on the events that shocked a nation this summer.  The winner will get a free ticket to the festival, October 28 – 30th 2011 and his or her script will be showcased and made available. The deadline is Friday, September 30th, midday GMT.
Most sessions will be recorded and will be available to participants after the event. Therefore, I’ll be able to watch the ones I miss when I return to Brazil…

Literary Agent Julian Friedmann (Blake Friedmann Film, Television and Literary Agency, London) has a fantastic blog, which mentions the Festival quite a lot but also gives tones of advice to professionals and beginners from an agent’s perspective.

I’ve attended last year’s LFS and will attend this new edition too. I can tell you: it’s an amazing experience. Get £30 off the ticket price by using the code MONICASOLON.

 


In English

O London Screenwriting Festival 2011 / Festival de Roteiristas de Londres 2011 – Eu vou, e você?

Como no ano passado, o London Screenwriting Festival 2011terá a participação de palestrantes de primeira linha que irão compartilhar suas experiências conosco, roteiristas profissionais ou aspirantes – e quem mais estiver envolvido com a indústria de cinema e televisão.

Dê uma olhada do que vai acontecer em três dias – de 28 a 30 de outubro de 2011 – e compre seu ingresso  usando este código MONICASOLON para obter um desconto de 30 libras:

Consultor Christopher Vogler (Hero’s Journey / A Jornada do Herói),  autora Linda Aronson ( 21st Century Screenplay),  roteirista Ashley Pharaoh (‘Life On Mars‘, ‘Ashes To Ashes‘) , produtor Duncan Kenworthy (‘Quatro Casamentos e um Funeral’, ‘Simplesmente Amor‘), editora de roteiros Kate Leys (‘The Full Monty/Ou Tudo ou Nada’, ‘Trainspotting’ e ‘Quatro Casamentos e um Funeral’), ITV commissioner Elaine Bedell (X-Factor), editor Eddie Hamilton (‘Kick Ass’, ‘X-Men: First Class’), BBC Writersroom Paul Ashton, roteirista indicado ao BAFTA Tim Clague, BBC commissioner Ben Stephenson e muitos mais.

Confira a lista completa de palestrantes aqui.

Eventos incluem desde conversas com os palestrantes a sessões sobre:

. A Jornada do Herói, com Chris Vogler.
. Produzido ou rejeitado? O seu roteiro é o melhor que pode ser?, com a editora de roteiros Kate Leys (‘The Full Monty/Ou Tudo ou Nada’, ‘Trainspotting’ and ‘Quatro Casamentos e um Funeral’).
. Você está escrevendo um Roteiro do Século 21?
, com Linda Aronson.
. A anatomia de uma Sitcom

. Não espere até ser descoberto! – Como escritores bem sucedidos agora pensam como produtores e formatam seus projetos para atrair aqueles que decidem.
. Mais 50 formas de entrar no mercado
. A leitura mais importante do seu roteiro – Dicas de um analista de roteiro.
. Você está planejando ter sucesso? – Cinco passos estratégicos para roteiristas.
. Criando relações poderosas – Uma oficina de networking.
. Seu roteiro na sala de corte – Como ver o seu filme através dos olhos de um editor experiente pode melhorar seu roteiro dramaticamente.
. Block Busting – Esta oficina vai revelar maravilhas sobre o seu trabalho.
. Oficina legal – Questões legais respondidas por quem entende da indústria.
. Por que a maior parte dos roteiros falham nas primeiras dez páginas – Quais são os sinais nas páginas de abertura do seu roteiro que podem desestimular produtores, diretores e atores?
. Seu roteiro e os 20 problemas mais comuns – Aprenda com os erros daqueles que já estão mais adiante.
. Conversando com Duncan Kenworthy – Produtor de ‘Quatro Casamentos…’, ‘Notting Hill’, ‘Simplesmente Amor’.
. Conversando com Ashley Pharoah – Escritor de tv e criador das series ‘Life On Mars’ e ‘Ashes To Ashes’ .
. Do roteiro às telas estudo de caso: Nowhere Boy – Conversa com Matt Greenhalgh, roteirista de ‘Control’ e ‘Nowhere Boy’.
. Copywriting – Fortaleça seu trabalho, trabalhe dentro dos prazos e ganhe dinheiro.
. Como publicar um livro eletrônico (e-book) –Um guia completo de auto-publicação online.
. Escrevendo Estórias em Quadrinhos – Por que não escrever uma estória em quadrinhos e ser publicado em livro, smart phone e ipad?
. Escrevendo Jogos 2.0 – Explore como essa mídia pode oferecer oportunidades para escritores.

Há muitos outros, então dê uma olhada na lista completa de eventos aqui.

Além disso, haverá oportunidades para:

. Speed Pitching– Encontre e converse com agentes e produtores, as pessoas que têm o poder de fazer seus projetos acontecerem. Registre-se e o festival garante três valiosos encontros de ‘speed pitch’.
. Script Chat– Após cada evento os palestrantes conversarão com os participantes do festival.
. Feedback individual com Euroscript – Receber feedback é essencial para qualquer escritor e, durante o festival, Euroscript lerá seu roteiro e lhe dará um valioso feedback individual.
. Live Ammo – Você tem dois minutos para pitch seu filme para um painel de top executivos britânicos.

Há um vídeo grátis na página do LSF2011: Writing and Producing “The King’s Speech” exclusive video: Como o produtor novato Gareth Unwin e o roteirista americano David Seidler conseguiram fazer “O Discurso do Rei”, filme que ganhou o Oscar de melhor roteiro?

A maior parte das sessões serão gravadas e estarão disponíveis após o festival a todos os participantes inscritos. Se eu perder alguma, vou poder assisti-la aqui no Brasil…

O agente literário de roteiristas Julian Friedmann (Blake Friedmann Film, Television and Literary Agency, Londres) tem um blog fantástico que fala muito do Festival e também dá dicas valiosas a profissionais e iniciantes da perspectiva de um agente.

Eu participei do LFS no ano passado e vou participar este ano também. Posso dizer:  é uma experiência extraordinária. Ganhe £30 de desconto no preço do ingresso usando o código MONICASOLON.

Protagonista, herói e personagem principal

Um post do blog do roteirista John August me chamou a atenção hoje. Como sempre, com sua linguagem simples e direta, ele esclareceu a distinção entre esses personagens tão importantes: protagonista, herói e personagem principal. Sou fã do John. Esse post me ajudou a entender melhor a construção de personagem de um roteiro que estou escrevendo neste momento.

Já falei um pouco sobre isso aqui no meu blog. Os posts mais acessados aqui são os que se referem a personagens, especialmente sobre protagonista. Abordei mais a construção deste personagem em roteiros do que em romances, pois as demandas são diferentes. Nos roteiros, a estrutura dramática requer certas atribuições que a literatura não exige. Mas isso é papo para outro post…

 John August explicou essa distinção de forma simples e eficiente, muito melhor do que eu faria.

Um leitor dele questionou como o roteiro de Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off ) pode ser considerado um ‘clássico’ e funcionar tão bem quando a ‘regra’ do protagonista não se aplica ao caso dele. Afinal, Ferris não muda durante o filme, ou seja, o ‘arco’ de sua trajetória se mantém horizontal. Isto é, Ferris termina o filme exatamente como é no início do filme.

John esclarece uma coisa importante: nem sempre o personagem principal é quem ‘protagoniza’ o filme. Além disso, nem sempre um filme funciona porque seguiu ‘regras’.

Pode parecer estranho, mas é verdade se levarmos em conta a distinção que ele fez em outro post (leia, em inglês, “What’s the difference between hero, main-character and protagonist”) sobre as variações desses três personagens. Vou traduzir esse trecho do post:

“Herói
Minha definição super-simplificada: este é o personagem que você espera que vá ‘ganhar.’ Embora não tenha problema pensar no Super Homem ou no Aladin, o herói não tem que ser nobre, corajoso ou especialmente talentoso. Contanto que você esteja torcendo por ele, é só o que importa.

Personagem principal
É exatamente como parece: a estória é principalmente sobre esse personagem. Confuso? Em geral, o nome dele aparece no título: Shrek, Rei Arthur, Tootsie, Cidadão Kane.

Protagonista
É o personagem que muda durante o curso da estória, viajando do Ponto A ao Ponto B, literal ou figurativamente. Ele aprende e cresce conforme a estória progride. Em geral, protagonistas querem algo no início da narrativa e, no final, descobrem que precisam de algo diferente.

Em resposta ao seu leitor, John explica que, no caso de Ferris Bueller, não é ele quem muda pois o ‘protagonista’ é o Cameron – embora seja um protagonista relutante, que é arrastado por Ferris, o personagem principal. A mudança é pequena, mas no final Cameron confronta o pai. Como diz John no post, o ‘arco’ não precisa ser épico.

Na maior parte dos filmes, o protagonista engloba esses três personagens e é simultaneamente personagem principal, protagonista e herói. A Ripley de Alien é um exemplo disso. Como protagonista, ela começa o filme relutante e, no final, se engaja ferozmente na luta. A mudança da protagonista não tem que ser, necessariamente, para ‘melhor’ ou ‘pior’, basta que haja uma mudança – de A para B.

John propõe que se brinque de ‘encontrar o protagonista’ como um exercício intelectual. É fácil no caso de Curtindo a Vida Adoidado ou de Charlie e a Fábrica de Chocolate (onde Charlie é o personagem principal, mas Willy Wonka é o protagonista, pois é ele quem muda, enquanto Charlie começa e termina o filme como um garotinho legal), mas no caso de Piratas do Caribe, não é tão simples.

Foi o que aconteceu no caso do meu roteiro. Tenho dois personagens principais, mas depois me dei conta de que o protagonista não era quem eu pensava. O primeiro (personagem principal), embora sofra muito, seu sofrimento não se traduz em mudança. O segundo (protagonista) sofre tanto quanto ele, mas muda efetivamente.

O caso de Billy Elliot é diferente, já que Billy é o protagonista, mas ele não muda durante o filme – quem muda é seu pai, o que permite que o talento, o amor e a persistência de Billy não sejam desperdiçados e ele tenha sucesso,  sem que isso signifique que o pai possa ser chamado propriamente de protagonista…

Para John, no entanto, se a estória funciona, isso é o que importa, independente de os personagens estarem ou não cumprindo suas funções arquetípicas. Portanto, não os ‘force’ a entrar em moldes.

Eis os links para os posts de John (em inglês) sobre essa questão:

. If we played by the rules right now we’d be in gym (sobre Curtindo a Vida Adoidado)

. What’s the difference between hero, main-character and protagonist

Oficina de Criação Literária de Virgínia Cavalcanti

Fico feliz em divulgar que a Casa da Gávea, no Rio de Janeiro, vai promover uma nova edição da Oficina de Criação Literária (Elementos básicos para escrever ficção), de Virgínia Cavalcanti, em março.

Participei da oficina em 2004 e o curso foi determinante na minha decisão de me tornar uma escritora profissional. A Virgínia foi o meu primeiro ponto de contato com uma abordagem que trata a escrita como algo que pode ser aprendido através de ferramentas, processos e técnicas – na tradição das graduações e mestrados em escrita criativa (creative writing) dos EUA e Europa. Concordo que talento não se ensina, mas acredito que a capacidade de criação literária do escritor pode se beneficiar do entendimento e utilização destas ferramentas, assim como em qualquer outra arte.

A minha experiência na oficina foi sensacional. Virgínia, que tem mestrado em creative writing nos Estados Unidos, traz elementos teóricos que são exercitados na prática. Durante as aulas, aprendi as noções básicas da escrita criativa e pude usá-las como ferramentas para pensar e estruturar melhor os meus textos. Além disso, ela é uma professora muito legal, atenta e generosa.

Alguns escritores temem que o contato com essas teorias, técnicas e ferramentas possam de alguma forma tolher a criatividade. Alguns temem que seus textos acabem engessados em um “molde” e se tornem artificiais. Eu, sinceramente, não acredito nisso. Pelo menos, não sinto que isso tenha acontecido na minha escrita. Sinto, ao contrário, que esse conhecimento me ajudou de diversas formas – conhecimento que aprofundei muito no mestrado que fiz três anos depois de participar da oficina da Virgínia – pois me permitiu:

. Ter uma visão mais crítica do meu texto e uma clareza maior da minha intenção em cada texto, livro ou roteiro.

. Fazer escolhas conscientes e entender por que quero escrever tal estória de tal forma; o que quero explorar e sob que ângulo; escolher as ferramentas mais adequadas para produzir o efeito que desejo atingir. Eu não fazia isso antes, ou seja, escrevia quase mecanicamente (intuitivamente). Isso não está errado, mas, para mim, às vezes, era muito frustrante, pois o efeito que eu desejava não se produzia ou eu me perdia em construções mirabolantes.

. Ampliar meu arsenal de ferramentas, tais como: construção de personagem, construção de mundo, ritmo, em que tempo quero escrever, em que pessoa (primeira pessoa, em terceira pessoa, etc), como quero estruturar a estória de forma a atingir o impacto ou o efeito desejado, trabalhar os diálogos, subverter uma determinada ‘regra’ e muitas mais.

. Trocar com outros escritores, expor meus textos, ouvir e contribuir. Todos estão ali com o mesmo sentimento: o prazer da escrita que pode levar ou não a uma carreira profissional. Por isso é importante ouvir as críticas e comentários da professora e dos colegas, sem medo ou excesso de zelo. Embora às vezes doa, uma crítica pode ser muito mais útil e construtiva do que um elogio. Querer ouvir que seu texto é bom é mais do que natural, mas fechar os ouvidos às críticas, a meu ver, é perder a oportunidade de descobrir e trabalhar suas falhas, vícios e fraquezas. A avaliação crítica positiva me ajuda a evitar minhas próprias armadilhas – tendências e hábitos que não necessariamente são parte da minha “voz” autoral, são a minha “zona de conforto” que às vezes se torna repetitiva e ineficiente.

Estes são apenas alguns exemplos. A experiência da Oficina da Virgínia me rendeu uma oportunidade de trabalho concreta: depois dela, por exemplo, me senti preparada para encarar o convite de escrever profissionalmente e – de certa forma, por encomenda – participar de um projeto da Editora Escala, em 2005. Eles queriam lançar uma série de romances de banca (tipo Sabrina) escritos por autoras brasileiras. Fui selecionada e escrevi três romances (dois foram publicados e o terceiro não, pois o projeto acabou – não dava pra competir com as editoras internacionais). Esses livrinhos estão disponíveis no blog Mônica de Miranda – meu pseudônimo nestas obras, pois na época fazia um trabalho na área social e não queria misturar as estações.

A Virgínia sempre frisava que a oficina não era para você ser publicada, ou seja, ninguém ia sair dali direto para as livrarias. A oficina era para te instrumentar e contribuir para o desenvolvimento do ofício de escrever. Vale muito à pena. Se você puder participar, não perca. Na época, eu estava desempregada e absolutamente dura. Me candidatei e consegui uma bolsa. Não é fácil, mas não é impossível. Mesmo que você tenha que pagar, acho que é um investimento valioso. Mais tarde, fiz um investimento ainda maior no meu mestrado na Inglaterra. Continuo ralando muito mas hoje me considero uma escritora profissional. E devo isso, de certa forma, também à Virgínia e à Casa da Gávea, a quem sou muito grata.

A oficina tem início em 21/03 e vai até 09/05, sempre às 2ª feiras, das 14:30 às 17:00. Mas, por favor, confirmem essas informações no site da Casa da Gávea. Como eu disse, eles oferecem algumas bolsas integrais.

Não perca essa oportunidade e depois me conta como foi.

The importance of what’s at stake / A importância do que está em jogo


Em português

Neil Romanek wrote a great article for TwelvePoint – A Tale of Two Star Wars – about why, technically speaking, The Phantom Menace (Star Wars first prequel) fails as a film. He points out that, after watching the much expected prequel, he left the theatre with a “bad feeling”. That was exactly how I felt too. I didn’t like it either and could easily blame Jar Jar Bins for it but I know it in’t just that. There are loads of reasons to dislike it. In fact, a documentary has been produced by Star Wars fans exploring why the 3 prequels simply don’t work.

I’ve never bothered to actually examine The Phantom Menace to try and understand the reasons why the film fails so dismally. I simply dismissed it and moved on – to dislike the following two prequels even more. I just preferred to ignore their existences. In fact, I stick to the first and second Star Wars films as my favourites – The Empire Strikes Back being the best sequel ever.

But Neil has a point when it comes to being a screenwriter – if there’s something about a film you think doesn’t work, you must try and identify what it is. It’s part of the job. So he went on analysing The Phantom Menace and found a very crucial mistake: a script structural problem. Normally, that’s where films fail – and that’s why understanding structure is so important. He points out that the stakes in the The Phantom Menace aren’t high enough. I couldn’t agree more. This may not be the only problem of the script but it’s certainly a big one.

He says in the article:

“High stakes are essential to telling a good story. ‘High stakes’ doesn’t have to mean the threat of a bomb exploding in five minutes: a teen’s parents coming home in five minutes is more than enough to put us on the edge of our seats. It isn’t threats of physical torment that determine the height of the stakes either since a missed bus can be the most devastating moment in a character’s life.

What determines the height of the stakes is how far apart the poles are of success and failure as well as the character’s depth of commitment. There is little middle ground in the best stories. In the movies we love, a character may strive for great success but the penalties for failure are equally great.”

This is absolutely true. When Neil compares the stakes for the five main characters in the two films, this becomes very clear:

“In Star Wars:

. LUKE must deliver R2D2 safely into the hands of the rebellion. If he fails, the fully-operational Death Star will mean the end of the rebellion.

. DARTH VADER must retrieve the stolen Death Star plans and learn the location of the secret rebel base. If he fails, the rebels could destroy the Death Star and cripple the power of the Empire, and he will have a great deal of explaining to do to the Emperor.

. HAN SOLO must pay back Jabba The Hutt. If he fails, he will be a fugitive, fleeing bounty hunters and ruthless gangsters for the rest of his life (and, wonderfully, he does fail in order that the other characters may succeed).

. PRINCESS LEIA must retrieve the plans for her fellow rebels. If she fails, it will mean the end of the rebellion.

. OBI-WAN KENOBI must deliver the plans safely to the rebels. If he fails, it will mean the end of the rebellion.

Looking at The Phantom Menace, we see a different picture:

. QUI-GON JINN must negotiate a peace between the Trade Federation and the Naboo. If he fails the Trade Federation may take over the planet Naboo.

. QUEEN AMIDALA must stop the Trade Federation from dominating her planet. If she fails she will no longer rule and her planet will be controlled by someone else.

. DARTH SIDIOUS must make Queen Amidala sign a treaty with the Trade Federation. If he fails, the status quo will probably continue.

. ANAKIN SKYWALKER must increase his understanding of The Force and return to Tatooine to free his mother and the slaves. If he fails, he will have broken his promise to his mother. (It’s worth noting that he does fail at this with no real consequences to anyone, including himself.)

. JAR-JAR must do what he can to help Qui-Gon and Obi-Wan. If he fails, it’s doubtful the Jedis’ mission would be negatively affected and the status quo will continue.

The lack of consistent high stakes in The Phantom Menace is the movie’s main flaw. Almost across the board, the price of a character’s failing is simply that the status quo will continue or the slack will be picked up by some other character.”

He also mentions something really valuable: “Also note how in Star Wars all the characters – protagonists and antagonists – are bound together by the same problem. Whatever the outcome is, every character will be permanently affected. It is simply not possible for any of principal characters – or minor characters, for that matter – to pass through the story without being changed for the worse or the better. In fact, no one in the entire galaxy will be unaffected by how the story plays out. Those are high stakes.”

Stakes are crucial in any script and, as Neil says, they don’t need to be a literal life/death situation – but the distance between achieving and failing has to be steep. It’s something to think about when writing your stories: stakes are vital not only for the protagonist but, ideally, for all main characters and their goals should be related somehow – all characters’ objectives/goals should relate to the protagonist’s ultimate goal. I’ll go back to some of my stories and examine them more carefully. Thanks for that, Neil!

Neal Romanek’s article “A Tale of Two Star Wars” was published at TwelvePoint.com.

Neil’s website is: http://www.nealromanek.com/. There you’ll also find an article about structure analysis where he looks into some Star Wars sequences “Introduction to the Sequence Structure“.

 ***


In English

A importância do que está em jogo

Neil Romanek escreveu um artigo excelente para a TwelvePoint – A Tale of Two Star Wars – sobre por que, em termos técnicos,  A Ameaça Fantasma (o primeiro prequel de Guerra nas Estrelas) não funcionou como filme. Ele ressalta que, depois de assistir ao tão ansiosamente esperado Episódio I, saiu do cinema com uma “sensação ruim”. Foi exatamente assim que me senti. Não gostei do filme e culpei o Jar Jar Bins, mas não era essa a razão. Havia muitas razões para não gostar do filme. De fato, um documentário foi produzido por fãs de Guerra nas Estrelas falando sobre as razões pelas quais os três episódios novos simplesmente não funcionam.

Eu nunca tinha me dado ao trabalho de examinar A Ameaça Fantasma para tentar entender as razões do fracasso. Simplesmente ignorei e segui em frente – apenas para desgostar ainda mais dos 2 filmes seguintes. Preferi ignorar suas existências. Na verdade, prefiro me ater ao primeiro e segundo Star Wars como os meus favoritos – sendo O Império Contra-Ataca, o melhor segundo episódio de todos os tempos.

Mas Neil levanta uma questão relevante quando se trata de ser roteirista – se há algo em um filme que você sente que não funciona, é preciso tentar identificar o que é. Faz parte do trabalho. Então, ele analisou A Ameaça Fantasma e descobriu um erro crucial: um problema na estrutura do roteiro. Normalmente, a estrutura é o ponto onde muitos filmes falham – por isso entender estrutura é tão importante. Ele aponta para a questão dos stakes, ou seja, o que está em jogo. Em A Ameaça Fantasma o que esté em jogo não é forte o suficiente. Concordo em gênero, número e grau. Esse pode não ser o único problema do filme ou do roteiro mas certamente é um problemão.

Ele diz no artigo:

“A importância do que está em jogo é essecial quando se trata de contar uma boa estória. Essa importância (do que está em jogo) não tem que ser a ameaça de uma bomba explodir a cada cinco minutos; os pais de um adolescente estarem para chegar em cinco minutos é mais do que suficiente para nos fazer roer as unhas. Não são ameaças de tortura física que determinam a importância do que está em jogo tampouco, pois perder o ônibus pode ser o momento mais devastador na vida de um personagem.

O que determina a importância do que está em jogo é o quão distantes estão os dois pólos entre sucesso e fracasso, assim como o quão o personagem está engajado. Existe pouco escopo para se ficar em cima do muro nas melhores estórias. Nos filmes que adoramos, o personagem pode lutar absurdamente para obter sucesso mas as penalidades para o fracasso são imensas.”

Isso é totalmente verdadeiro. Neil compara o que está em jogo nos cinco personagens principais dos dois filmes e essa premissa se torna clara:

“Em Guerra nas Estrelas:

. LUKE precisa entregar o R2D2 em segurança nas mãos dos rebeldes. Se ele falhar, a Estrela da Morte se tornará totalmente operacional e isso significará o fim da rebelião.

. DARTH VADER precisa recuperar os diagramas roubados da Estrela da Morte e localizar a base secreta dos rebeldes. Se ele falhar, os rebeldes poderão destruir a Estrela da Morte, o que irá fragilizar o poder do Império – e ele ainda vai ter que se explicar ao Imperador.

. HAN SOLO precisa pagar sua dívida com Jabba The Hutt. Se ele falhar, vai se tornar um fugitivo tentando escapar de caçadores de recompensas e gangsters malvados para o resto da vida (e, de forma maravilhosa, ele falha neste objetivo, de forma a possibilitar que outros personagens tenham sucesso).

. PRINCESA LEIA precisa recuperar os diagramas para os seus companheiros rebeldes. Se ela falhar, será o fim da rebelião.

. OBI-WAN KENOBI precisa entregar os diagramas em segurança aos rebeldes. Se ele falhar, será o fim da rebelião também.

Analisando A Ameaça Fantasma, vemos um cenário diferente:

. QUI-GON JINN precisa negociar a paz entre a Trade Federation e Naboo. Se ele falhar, a Trade Federation poderá tomar o poder em Naboo.

. RAINHA AMIDALA precisa impedir que a Trade Federation domine seu planeta. Se ela falhar, ela não será mais a regente e seu planeta passará a ser controlado por outra pessoa.

. DARTH SIDIOUS precisa fazer com que a Rainha Amidala assine o tratado com a Trade Federation. Se ele falhar, o status quo provavelmente continuará o mesmo.

. ANAKIN SKYWALKER precisa aumentar seu conhecimento da Força e voltar a Taooine para libertar sua mãe e os escravos. Se ele falhar, ele vai ter quebrado a promessa que fez à sua mãe (vale notar que ele falha nesse objetivo, sem que isso tenha nenhuma consequência real para ninguém, incluindo para ele mesmo).

. JAR-JAR precisa fazer o possível para ajudar Qui-Gon and Obi-Wan. Se ele falhar, é pouco provável que a missão dos Jedi seja afetada negativamente e o status quo permanecerá o mesmo.

A falta de consistência naquilo que está em jogo é a principal fraqueza de A Ameaça Fantasma. Em quase todas as situações, o preço a se pagar se o personagem falhar em sua missão é apenas que o status quo continuará o mesmo ou que algum outro personagem assumirá o lugar.”

Ele também coloca algo muito valioso: “Perceba também como em Guerra nas Estrelas todos os personagens – protagonistas e antagonistas – estão ligados pelo mesmo problema. Qualquer que seja o resultado final, cada personagem será permanentemente afetado. É simplesmente impossível para qualquer um dos personagens principais – e até aos personagens secundários – passar pela estória sem ser afetado para melhor ou para pior. Na verdade, ninguém na galáxia inteira deixará de ser afetado por como a estória vai se desenrolar. O que está em jogo é muito importante.”

O que está em jogo é importante em qualquer roteiro e, como diz Neil, não precisa ser uma situação de vida ou morte – mas a distância entre ter sucesso ou fracassar precisa ser grande. É algo a se pensar quando se está elaborando a estória: o que está em jogo não é vital apenas para o protagonista mas, idealmente, para todos os personagens principais e seus objetivos precisam estar relacionados de alguma forma – todos os objetivos/metas devem se relacionar ao objetivo/meta do protagonista. Eu vou rever algumas das minhas estórias e examinar esse aspecto com mais cuidado. Obrigada, Neil!

O artigo de Neil Romanek “A Tale of Two Star Wars” foi publicado em inglês na TwelvePoint.com. O site de Neil é: http://www.nealromanek.com/. Lá você vai encontrar também um artigo onde ele analisa a estrutura de algumas sequências de Guerra nas Estrelas (Introduction to the Sequence Structure)

Free video interview with The Writer’s Journey legend Chris Vogler / Entrevista em vídeo gratuita com o legendário Chris Vogler, de “A Jornada do Escritor”

Screenwriter Chris Jones filmed a great interview with ‘The Writer’s Journey’ screenwriting and story legend Chris Vogler.

 It’s free and you can watch it on his website. You’re requested to subscribe (basically, name and email) and he’ll send you a password. It’s worth doing.

The Hero’s Journey Outline

The Hero’s Journey is a pattern of narrative identified by the American scholar Joseph Campbell that appears in drama, storytelling, myth, religious ritual, and psychological development. It describes the typical adventure of the archetype known as The Hero, the person who goes out and achieves great deeds on behalf of the group, tribe, or civilization. (Extract from The Hero’s Journey Outline website)

 The complete outline can be found here.

 ***********

O roteirista Chris Jones gravou uma entrevista fantástica com o legendário autor de “The Writer’s Journey” Chris Vogler.  A entrevista e o resumo do livro estão em inglês.

A entrevista está disponível gratuitamente no site de Chris Jones . É preciso se cadastrar (nome e email) e ele te enviará uma senha para assistir o vídeo. Vale a pena.

The Hero’s Journey Outline

The Hero’s Journey is a pattern of narrative identified by the American scholar Joseph Campbell that appears in drama, storytelling, myth, religious ritual, and psychological development. It describes the typical adventure of the archetype known as The Hero, the person who goes out and achieves great deeds on behalf of the group, tribe, or civilization. (Extraído do website “The Hero’s Journey Outline”)

Um resumo de “Hero’s Journey” pode ser encontrado aqui. O livro “A Jornada do Escritor”  de Christopher Vogler, foi publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira, em 2006. Eis aqui um trecho do livro (em pdf, disponível no website da Nova Fronteira.)

New article: Structure in Scripts / Novo artigo: Estrutura de Roteiros

I attended this workshop at Euroscript in 2009 but this article was published in June 2010 at TwelvePoint.com website – my fault, since I had a huge personal issue to deal with in 2009 and was unable to produce the article earlier. Apologies to Euroscript for the delay.

This article talks about what I’ve learned in this workshop about Structure in scripts: approaching the basic rules, useful tools, the traditional Three Act Structure, non-linear structures, how to deal with flashbacks and some  other interesting hints from tutor Charles Harris.

Take a look at: Structural faults

***

Participei deste workshop na Euroscript em 2009, mas este artigo só foi publicado em junho de 2010 no site da TwelvePoint.com – minha culpa, pois tive um sério problema pessoal em 2009 e fiquei impossibilitada de escrever este artigo antes. Minhas desculpas à Euroscript pela demora.

Este artigo é sobre o que aprendi neste workshop sobre Estrutura de roteiros: como abordar as regras básicas, ferramentas úteis, a tradicional estrutura em Três Atos, estruturas não-lineares, como lidar com flashbacks e algumas outras dicas interessantes do professor Charles Harris.

Dê uma olhada em: Problemas de Estrutura

Protagonist / Protagonista

A great definition of protagonist at John August’s blog:

“The protagonist is the character that suffers the most” (Michael Goldenberg)

***

Excelente definição de protagonista no blog do John August:

“Protagonista é o personagem que sofre mais.” (Michael Goldenberg)

Writing a Thriller / Escrevendo um Thriller

I’ve just posted a new article about Thrillers. Last April I attended an Euroscript Workshop about the importance of understanding genre, focused on Thrillers.

Learning about genres will help you better understand your audience’s expectations in order to better catter for them. The workshop also provided loads of useful information on the main elements of the Thriller genre, the pitfalls and character journey.

Take a look at: The Thriller

***

Acabo de postar um novo artigo sobre Thrillers. Em abril passado participei de um workshop da Euroscript sobre a importância de se entender ‘gênero’, com um enfoque particular no gênero Thriller.

Aprender sobre gênero nos ajuda, enquanto escritoras, a melhor compreender as expectativas do público de forma a que possamos atendê-las melhor. O workshop oferece muitas informações úteis sobre os principais elementos do Thriller, as armadilhas e a jornada do personagem.

Dê uma olhada em: Filmes do Gênero Thriller